domingo, 26 de março de 2017

Rita Lee: entrevista exclusiva para este blog

No dia 24/05/2013 publiquei no antigo site da Terra a entrevista abaixo, exclusiva, que Rita me deu a alegria de me presentear... Republico:

Norma Lima: 50 anos de carreira com corpinho de 20, heim? Bora lembrar de alguns fatos dos milhares lindos da sua trajetória, amor nosso?

Rita Lee: Norma Lima sempre gentil… corpinho d 20? sim, em cada célula…

Norma Lima: Aos 15 anos, um vestido preto de baile e depois uma bateria… Isso é missão de amor aqui no Planeta Terra, né?

Rita Lee: Ela queria mesmo é aparecer, aquela tolinha.

Norma Lima: Tenho registrado nos meus arquivos fãzísticos que a sua primeira apresentação foi ainda como Danny, com Chester & Ginny, em um aniversário no quarteirão do seu bairro (Vila Mariana - SP). E rolou no mesmo ano da solo feita no Liceu Pasteur, com você e violão, interpretando Tous les garçons, de Françoise Hardy, no ano de 1964. Você lembra disso?

Rita Lee: Me lembro do trio catástrofe Danny Chester and Ginny, os 3 patetas pop d Vila Mariana, o resto vc sabe mais q eu, ou invente como quiser, n vou negar no tribunal.

Norma Lima: Assinar o seu nome como Danny ou Ritta, no início da carreira, era uma tentativa de separar o seu eu artístico do seu mim?

Rita Lee: Achava "Rita" meio brega, sorridente demais, queria algo mais dark… Danny era nome da minha adorada cachorra e nessas eu dancei.

Norma Lima: Já na sua primeira experiência no cinema, ganhou um papel que ia além da apresentação com Os Mutantes, na cena do filme Amorosas, de 68, pois a sua personagem flerta com a de Paulo José. Você já disse por aí que seu sonho mesmo era ser atriz. Você é uma cantriz, né?

Rita Lee: Costumo dizer q há 50 anos faço papel d cantora.

Norma Lima: Ainda sobre cinema, você e Roberto já fizeram belas trilhas também para o cinema e o teatro. A dupla completa 35 anos de parceria musical, tendo estreado em Babilônia, com Disco Voador. Como foi compor essa canção com ele?

Rita Lee: Um presente extraterrestre, uma parceria das esferas. Eu estava amamentando Beto qdo Rob avistou bem na frente da nossa janela uma luz paradona no céu e me chamou. Aparição inspiradora.

Norma Lima: Você sempre é lembrada por sua abordagem de temas cujo foco é a independência das mulheres. Esperava que a canção Agora só falta você fosse considerada um hino feminista da década de 70?

Rita Lee: O universo paralelo feminino é fascinante, o mundo na visão das fêmeas é outro planeta, na maluquice da cabeça delas, vc encontra d santas putas a malditas heroínas.

Norma Lima: Participou, uma vez, de uma Exposição, a Pintores de Domingo, na Galeria de Sampa, com seu desenho Bobo da Corte, em 1979, outra vez da Mostra Caderno do Artista, em 1994. É uma desenhista e tanto, não pensa em expor seus desenhos inspirados de novo? O dos Beatles, publicado no álbum Aqui, ali, em qualquer lugar, até hoje deixa a todos de queixo caído…

Rita Lee: Menos, Norma Lima… no desenho sou ainda mais canastrona q na música

Norma Lima: Como foi isso de ter um gol batizado com o seu nome, pelo Casagrande, do seu time do coração, o Corinthians, e marcado aos 41 minutos do segundo tempo?

Rita Lee: Um orgasmo regado a confete e serpentina… na época lança perfume já era proibido e vc sabe q eu sempre fui uma moça d família…

Norma Lima: Em 1985, foi divulgada, no jornal O Globo, a notícia de que fostes a compositora mais censurada do Brasil, desde 1980, com 14 músicas vetadas até então… e depois ainda implicaram com Pega Rapaz, em 87 e não citaram as dos Mutantes… Censura nunca mais, né?

Rita Lee: Pois é, vc deve conhecer o Gui… ele foi até o DOI CODI e ressuscitou uma pá d letras censuradas q eu nem sabia q existiam! Os comentários d dona Solange, da Censura, nos documentos são pérolas da sociedade indignada, hilários…

Norma Lima: Você foi tema ou citada com elogios em textos de grandes nomes, como Caio Fernando Abreu, Arnaldo Jabor, Rubem Braga, Mário Prata, Martha Medeiros, Glauber Rocha e outros. Como se sente com a afirmação de Caio Fernando Abreu, por exemplo, de que a sua obra é tão importante quanto a de Caetano, Gil e Chico para a Cultura Brasileira? E a de Glauber, que te chamava de Cacilda Becker da Nova Era?

Rita Lee: Eles é q são gênios e eu ganho a fama?

Norma Lima: Além de cantar, compor, desenhar, representar, você também escreve. Foram vários textos para a imprensa nestes anos todos, além da série Dr Alex, cuja motivação foi, além de inventar historinhas pra filho dormir, como declarou em uma de suas entrevistas, você também teve e tem a preocupação com a preservação do planeta, bem antes disso virar uma moda, pois faz do Dr Alex um defensor dos bichinhos. Disse que a luta dele incomodava a alguns que nunca quiseram muita liberdade e muita alegria. É isso que a sua obra sempre trouxe para o Brasil, né? Liberdade e alegria.

Rita Lee: Quisera eu q fosse só assim… existe tb meu lado prisioneiro e deprê comum a todo ser humano vivo, mas q n deixa d ser inspirador.

Norma Lima: Pioneira em mostrar beijo gay no clipe Obrigado, não; no selinho trocado na tv com a saudosa e querida Hebe, ambos em 1997 e também no selinho dado em uma fã, por ocasião do show feito no Morro da Urca em 2006, Rio de Janeiro, e mostrado no DVD Biograffiti. Sempre brigando com o establishment, não?

Rita Lee: Esse tal de establishment nunca foi c/ a minha cara, mto patriarcal.

Norma Lima: Como você explica essa tal de Rita Lee chegar a tantos e tantas, nesses 50 anos, conservando os antigos e conquistando novos fãs? Todas as gerações são Lee, pois diariamente leio tweets de jovens, adultos e velhos cantarolando canções do seu mais recente e delicioso álbum Reza, declarando-se a você, afirmando que que querem ser como você amanhã…

Rita Lee: Fãs são filhos gauches, a gratidão por gostarem d mim me deixa sem fôlego… inda bem q volta e meia fujo p/ o twitter conversar c/ eles… twitter é mágica moderna, a melhor companhia p/ um coração solitário feito o meu.

Norma Lima: Apesar de você não ser saudosista, quero que saiba que é uma honra sermos seus fãs e olharmos para a sua trajetória tão digna, bem como contá-la para os novinhos que chegam sempre e sempre, com admiração sincera por você. Muito obrigada é pouco, pela entrevista que tão gentilmente topou dar pelo aniversário do nosso humilde Fã Clube, e por tudo que já fez por nós aqui no Brasil. Quando falei com você pela primeira vez, você usava uma blusa com os dizeres Music saves, de fato, a sua canção nos salvou e salva sempre. We love you.

Rita Lee: Cuide bem dessas crianças do Universo q tanto carinho me dão, diga a elas q vovó Ritinha está preparando uma fornada d musiquinhas novas p/ tomar c/ chá. Bisou to you.




2 comentários:

  1. Sou fã de carteirinha da Rita Lee, desde meus 06 anos, 1987 com Flerte Fatal...

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